Humana

Agenda cultural / Lançamento da transcrição do processo-crime do Linchamento de Chapecó 1950

No dia 25 de fevereiro, sábado, às 15h, a Agenda Cultural em Rede da Humana Sebo e Livraria convida para o lançamento do livro “Linchamento de Chapecó 1950: transcrição do processo-crime 183/1950”. A obra foi organizada pelo promotor de justiça Eduardo Sens dos Santos e pelo setor de Memorial do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF) do Ministério Público de Santa Catarina. A edição é da Editora Argos, da Unochapecó e há também uma versão on-line, acesse aqui.

Sens explica que a intenção da publicação, para além da homenagem ao promotor responsável pelo caso à época, foi trazer ao público e aos pesquisadores fonte de consulta primária sobre os fatos. Afinal, o Linchamento de Chapecó marcou importante mudança cultural – até então vigia a cultura do mandonismo na região, uma forma de estrutura de poder baseada em oligarquias e personificações. A prisão de 71 pessoas, delegado e linchadores, representou forte inflexão, modificando os rumos para abrir caminho à Nova República. “A história do Linchamento em si é muito comentada, mas a verdade é pouco conhecida, justamente porque pouquíssimas pessoas tiveram acesso direto às fontes”, diz.

Para o Promotor de Justiça, o trabalho de transcrição tem não só o mérito de permitir acessar a história, mas também de ressignificar o trabalho do Ministério Público, já que o responsável pela acusação, o Dr. José Daura, teve protagonismo notável na condução dos trabalhos. “Foi dele o pedido de reforços, pouco mais de dez horas depois do crime, por radiograma, para o procurador-geral do Estado. Sem esse radiograma, provavelmente nem o inquérito policial teria sido instaurado”, ressalta.

Entretanto, há muito mais que aspectos políticos e jurídicos. A leitura do processo acaba sendo um mergulho na sociedade da época, conforme comenta Sens: “À medida que eu lia todos aqueles depoimentos, a Chapecó de 1950 ia se desenhando na minha frente. A cidade, seus personagens, seus enredos, a enormidade de suas fronteiras, que se estendiam até a Argentina, tudo está muito bem registrado nos interrogatórios, nas falas das testemunhas, nas decisões judiciais e petições. Aquele calhamaço de folhas que queriam se desmanchar não falava só do crime, falava de um mundo que já não existe, de relações sociais que hoje já não fazem parte do nosso mundo, de uma lógica de autoritarismo que felizmente já é passado, mas que é importante para entender as atuais lógicas contemporâneas”, enfatiza.


Serviço:

O quê: lançamento do livro “Linchamento de Chapecó 1950”, do Ministério Público do Estado de Santa Catarina;
Quando: 25 de fevereiro, sábado, às 15h;
Onde: Humana Sebo e Livraria + Café Brasiliano (dentro do Centro Comercial Chapecó, Rua Marechal Bormann 82D, Centro de Chapecó);
Mais informações: 49 3316-4566