Lançamento de “Opúsculo Esquizo”, de Eduarda Moro, publicado pela Casatrês
No dia 17 de dezembro, sábado, às 16h, ocorre na Humana Sebo e Livraria o lançamento do livro “Opúsculo Esquizo: da loucura, da cidade e do que faz a vida viver”, de Eduarda Moro, pela Casatrês – edições manuais. Escrito na pandemia, o livro caminha junto do percurso da própria pesquisadora que, durante o isolamento, recebeu seu primeiro atestado psiquiátrico. É a partir do encontro com a loucura, com a psiquiatria e noções de normalidade e civilização, que a autora retoma o vínculo com sua cidade de origem para escrever sobre as vidas dissidentes, de Loucos e Loucas, que são outrificados na Chapecó coronelista.
O livro custa R$ 35,00. A entrada é franca para a conversa que acontecerá no Café Brasiliano, ao lado da Humana Sebo e Livraria, localizados no Centro Comercial Chapecó, na rua Marechal Bormann, 82D, no Centro de Chapecó.
Entrevista com a autora
Humana: O livro surgiu a partir de suas vivências na pandemia que, dentre outras coisas, marcaram seu encontro com a psiquiatria. Você pode nos falar mais sobre este processo?
Eduarda Moro: Enquanto psicóloga a ideia de precisar recorrer a medicação psiquiátrica acendia vários alertas na minha cabeça. Mas com a angústia que atordoava, o medo de morrer e de perder os meus durante a pandemia, tudo isso me levou ao encontro do qual fugi por muito tempo: o encontro com um doutor-psiquiatra. Experimentar o sentido contido no termo “paciente”, viver efeitos colaterais, pensar sobre meus próprios pensamentos, foi o que me conduziu a necessidade de escrever sobre essas coisas todas que a gente não abre para o mundo, mas que compartilha.
H: Lidar com este processo fez você voltar a pensar a sua cidade natal, Chapecó, um território notoriamente patriarcal, coronelista e conservador. Como você vê sua cidade residindo atualmente em outra cidade?
EM: Juntando o encontro com o psiquiatra com a descoberta do meu Eu-paciente, e um episódio muito específico em que revejo o documentário Estamira – de Marcos Prado, me coloquei numa posição de observadora da cidade e de seus grupos. Chapecó sempre foi sinônimo de conforto para mim, o território que chamava de casa. Até o momento que entendi como o modo de vida na cidade, em suas entrelinhas, produz morte – em alguns casos, literalmente – ante as possibilidades de um viver que não se enquadra nos espaços e grupos existentes.
H: No título você já anuncia o formato do livro, um “opúsculo”. Como foi escolher este formato?
EM: Foi conversando com Felipe e Marília, editores da Casatrês, que a ideia de publicar um opúsculo ganhou forma. Acho que durante a pandemia nos deparamos com um novo modelo de consumo e produção da escrita, que está conectada com uma noção do que é urgente. Assim, surge o opúsculo esquizo, uma leitura de poucas páginas que não se estende por entender que o que foi escrito é o que urge e cabe naquele momento.
H: Você atualmente é doutoranda em Ciências Humanas, quais as referências que influenciaram seu pensamento da composição de “Opúsculo Esquizo”?
EM: Sobretudo, me considero uma pesquisadora-esquizoanalista. Deleuze e Guattari são leituras de referência, tanto em minhas produções acadêmicas quanto na forma de compreender a vida e suas possibilidades de variação e criação. Hoje, coloco em palavras tudo aquilo que mora na minha cabeça, e que continuaria vivendo lá, se não fosse o encontro com os escritos desses pensadores. No livro, dou destaque a escritores chapecoenses e ao sociólogo Norbert Elias, que me fez pensar sobre a cidade e quem vive “fora” dela, mesmo habitando seu território geográfico.
Sobre a autora
Eduarda Moro é psicóloga, mestra em educação e doutoranda em ciências humanas. Natural de Chapecó, a pesquisadora escreve sobre temáticas contemporâneas que se relacionam com a produção de modos de vida e nas possibilidades de fazer a vida variar.
Serviço:
O quê: livro “Opúsculo Esquizo: da loucura, da cidade e do que faz a vida viver”, de Eduarda Moro (Casatrês – edições manuais);
Quando: 17 de dezembro, sábado, às 16h;
Onde: Humana Sebo e Livraria + Café Brasiliano (dentro do Centro Comercial Chapecó, Rua Marechal Bormann 82D, Centro de Chapecó);
Quanto: entrada franca; preço do livro R$ 35,00
Mais informações: 49 3316-4566